Se alguém ainda não sabe, o nome Apisto existe para, carinhosamente, apelidar os ciclídeos anões do gênero sul-americano Apistogramma. Estes são peixes de porte pequeno, cobiçadíssimos no aquarismo estrangeiro, especialmente na Europa e Ásia. Porém, no material de consulta é dito que o “surgimento de criadores também tem contribuído para o aumento da popularidade do gênero no hobby no país (…)” e isso casou bem com o propósito deste artigo, pois quem sabe surgirão alguns novos criadores a partir de agora, hein?

Por falar em material, boa parte do que está contido aqui foi obtido a partir de material produzido com a experiência de criação de um amigo, chamado Rafael Freitas Cervo, um excelente aquarista aqui de Brasília, com requintado conhecimento neste tema. De qualquer forma, este artigo é resumido demais e não substitui uma pesquisa mais profunda e voltada para a espécie que se pretende reproduzir, pois provavelmente ela demandará algo além do geral.

…mas deixemos de conversa e vamos ver o que tem pra hoje!

Espécies para manter e criar nos aquários

Embora as espécies mais raras sejam alvo de exportação, muita coisa é encontrada no Brasil, até porque somos o maior berço dos apistos. Dentre as espécies mais conhecidas no mercado nacional, creio que posso citar, sem medo, as espécies: Apistogramma borellii (a que mais me agrada, no bojo das espécies mais fáceis de encontrar), A. agassizii (magnífico) e A. cacatuoides (embora linda e magnetizante, me atrai menos justamente por haver mais opções e seleções). Essas três espécies você certamente encontrará ao colocar nas buscas do Google ou ir às lojas.

Para tentar reproduzir, basta começar pelo começo: comprar 1 casal. Nas lojas, a venda costuma ocorrer em casais. Primeiro porque a fêmea apresenta cores mais discretas (marrom, pardo ou amarelo – e só ganha o tom laranja ou amarelo intenso durante o período reprodutivo) e isso não atrai o interesse dos consumidores e, em segundo lugar, não é qualquer pessoa que consegue diferenciar as espécies por meio das fêmeas.

Como diferenciar macho e fêmea

A maioria das espécies de Apistogramma exibe um dimorfismo sexual evidente, em termos de tamanho e coloração entre machos e fêmeas. Essa distinção facilita muito a identificação quando os peixes atingem a fase adulta. Em geral, o macho é maior e muito mais colorido que a fêmea.

Outro fator que favorece a distinção é que, em pelo menos boa parte das espécies, os machos apresentam nadadeiras bem desenvolvidas. No caso das dorsais, pode haver raios mais alongados na porção anterior (mais próxima da cabeça), homogêneos ou estendidos. A nadadeira caudal é outra das maravilhas: pode ser arredondada, em forma de lança ou de lira. Outra característica que se observa é que as nadadeiras pélvicas e anal podem crescer até atingir grandes comprimentos, enquanto nas fêmeas essas nadadeiras geralmente são curtas e de coloração amarelada, com marcações pretas quando em época de reprodução.

No caminho da reprodução

Como saber que seus apistos estão se tornando aptos a reproduzir ou estão na época de reprodução? Aqui é considerada, inclusive, uma característica que torna os apistos tão apreciados pelos aquaristas: as interações sociais.

Apesar do tamanho diminuto, os Apistogramma apresentam claramente uma das características principais da família Cichlidae: a territorialidade, comum entre indivíduos do mesmo gênero e mais acirrada entre indivíduos da mesma espécie, principalmente entre machos – no que tange outras espécies, não congêneres, isso não costuma a ser acentuado (faz-se exceção a esta afirmação quando estamos falando de uma desova ou ninhada, época em que o casal expulsa todos os peixes da região – considerados potenciais predadores, algo muito justo). Para o melhor cenário, separe o casal.

Durante o período reprodutivo, a fêmea escolhe um lugar seguro para depositar seus ovos, buscando reentrâncias em um tronco, sob uma folha, ou em qualquer outra cavidade, como uma casca de coco, um vaso de barro ou um pedaço de cano. O ideal é colocar o casal num aquário de, no mínimo, 30 litros e substrato fino. A água precisa estar livre de compostos nitrogenados (especialmente amônia), o que implica em manter filtragem mecânica, química e biológica em frequente manutenção e TPAs semanais. Embora estejam disseminados por grande parte da América do Sul, com águas de diferentes características, uma coisa é comum: eles vivem em água mole (baixa condutividade).

A fêmea adquire nesse período a coloração de reprodução. Veja neste desenho abaixo como é a diferença de um macho e de uma fêmea no período reprodutivo:

Embora o macho defenda o território mais amplo, a fêmea o impede de se aproximar da toca de postura e é ela quem executa a defesa mais próxima.

Nasceu!

Os ovos eclodem em cerca 3 dias e os filhotinhos ficam na cavidade até o 7º dia, quando começam a nadar – caso a fêmea se sinta ameaçada ela pode transportar a galera para outro local.

À medida que crescem, o cuidado parental mingua e os filhotes nadam para ambientes mais distantes em busca de alimento; é quando deve ser ministrada alimentação compatível, como microvermes, náuplios de artêmia, enquitreia, bloodworms e ração própria para alevinos.

Com a perda da qualidade de mãe-defensora a fêmea inicia um processo para uma nova postura (cerca de 21 dias em cativeiro). Rápido assim!

Embora pareça fácil, lendo este resumo geral, a maioria das espécies de Apistogramma exige criteriosa dedicação do aquarista, muitas vezes além da temperatura e pH corretos para aquela espécie. Há que estudar um cadim para termos êxito na criação de apistos.

Deixei em negrito palavras-chave para você atentar na hora de escolher seus apistos e de estudar para prover o melhor ambiente a eles.

Aqui finalizo mais um artigo, que veio com o intuito de abrir mais caminhos seguros no aquarismo. Espero que tenha sido de utilidade. Vejo você no próximo artigo, que sai já já. Até lá!

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