Antes de entrar no mérito, começo sugerindo que se ideia for fazer um SUMP por você mesmo, se estiver começando no aquarismo ou no mundo do DIY, não o faça sem estar acompanhado por alguém com experiência, porque para “dar ruim” não é difícil.

Outra coisa, de forma alguma estarei aqui dizendo o jeito correto de fazer um Sump, pois existem inúmeras maneiras e, se dá certo uma fórmula, então, ela está certa. O que vou tentar aqui é levar a ideia do porquê de alguém usar um Sump, princípios básicos e algumas concepções para ajudar a idealizar um para a sua realidade aquarística.

Então bora pro texto!

O que é um SUMP?

O Sump é tal qual um “puxadinho” de um aquário, ou seja, uma extensão do volume dele e que permite múltiplas e vantajosas utilidades. Retifico minha qualificação explicativa, para enobrecer este essencial elemento que qualquer aquário pode (e deveria) ter; ele é muito mais que um pedaço extra, ele poderia ser categorizado como um órgão importante de um organismo vivo.

De forma geral, é construído um outro aquário, com volumes e dinâmicas específicas, para colaborar com o bom desenvolvimento do sistema que você mantém, incluindo sua estética. Se você for consultar o dicionário de inglês, verá que a palavra significa “reservatório” ou “fossa sanitária”, mas claro que aqui damos o significado que ele merece, sem deméritos, pois é mais do que um simples filtro e veremos o porquê.

Para já iniciar a diferenciação, filtro é apenas o instrumento contendo mídias que realiza sua função de filtragem: química (carvão), física (perlon) ou biológica (cerâmica). O Sump, por sua vez, é uma estrutura multisseção que, além de conter distintos compartimentos para cada uma das 3 filtragens, acomoda alguns equipamentos do aquário como bombas submersas, aquecedores e termostatos, filtro UV, skimers e reatores (no caso dos marinhos) e possui um reservatório de água, o qual muitas vezes é usado como refúgio (de camarões, por exemplo) ou crescimento de peixes. Embora possa ser usado para qualquer aquário, vou focar apenas em Sump para aquas de água doce, pois os marinhos são um mundo à parte.

O Sump pode ser externo ou embutido, lateral, traseiro ou abaixo (acima também dá, mas exigiria outro planejamento para funcionar), mas, independentemente de onde esteja, é bom tentarmos firmar o princípio de que é uma estrutura super funcional, incluindo a de aumento do volume real – VR (valor estimado de água no aquário, já descontado o volume ocupado pelo substrato, rochas e ornamentos e aqueles “dedinhos” que deixamos sem água no topo). Cabe ressaltar que não é nada nada incomum as pessoas terem filtros e Sump atuando juntos (se um falha tem o outro para apoiar o sistema em manutenção).

Como funciona um Sump?

O jeito mais comum nos projetos é considerar uma área de queda d’água do aquário para o Sump. Isso se faz por meio de um corte nuns dos vidros para que haja um vidro de tamanho menor ou com uma janela para permitir um transbordo.

A água vinda do aquário circulará por cada uma das câmaras existentes. Estas são projetadas linearmente ou em zigue-zague (outros nomes: espiral, caracol), sempre intercalando a entrada de água por cima e por baixo.

Alguns detalhes para um bom funcionamento:

  1. Água com fluxo regular e bem dividido sobre o perlon: na queda, a água vem numa forma de ponta de lança, digamos assim, afilando lá no fim, sendo assim, o perlon será mal aproveitado se a queda for direta sobre ele, filtrando as partículas só nessa área de contato. Legal seria deixar a queda sem nenhuma anteparo, uma câmara própria, dela viria nova queda, necessariamente de altura menor por causa da própria estrutura do Sump e a água viria a ser derramada mais uniformemente sobre o perlon.
  2. Na cerâmica, é importante registrar que a água deve estar fluindo por toda cerâmica, por isso que em Sumps muito largos as câmaras em zigue-zague funcionam melhor para a efetividade.Sump zigue-zague (imenso) para peixes jumbo.
  3. Ao final do circuito, na última câmara, há uma bomba submersa que manda a água de volta ao aquário, assim, se houver refúgio ou zona de crescimento de peixes, lembre-se de isolar bem este compartimento ou a zona de puxada da bomba, para evitar que sugue os indivíduos.
  4. Um detalhe: independentemente do modelo escolhido, não o fazer alto demais, especialmente porque o Sump precisa de amplo acesso do aquarista, para realizar a manutenção.

Como começo a pensar no tamanho de um Sump?

Algumas características devem vir para apoiar seu planejamento e cálculos:

O tamanho (volume): considerar a capacidade de trabalho dele com, pelo menos, 20% do VR do aquário principal; um bom número seria 25% do VR, pois daí já podemos considerar até mesmo peixes “sujões” (que exigem mais da filtragem). Por exemplo, se você tem 200 litros de VR no aquário, o Sump bem dimensionado adicionaria mais 50 litros, lhe dando um VR total de 250 litros. Uma coisa importante: como o Sump recebe a água que cai do aquário, é importante que, ao definir as dimensões das paredes do Sump, o volume interno considere a retenção de toda a água que tombará no caso de uma falta de luz (que é quando a bomba de retorno para de funcionar).

Número de divisões/seções: 1 para receber a água, 1 para mídia filtrante física, 1 mídia química, 1 biológica, 1 para reserva de água (que pode conter termostato, aquecedor e funcionar como refúgio e 1 com bomba de retorno.

Que tamanhos são esses compartimentos? Em termos de volume, separe 50% para o reservatório/refúgio. Para os outros compartimentos, sem dar medidas exatas, pense que: a primeira câmara é só pra receber e quebrar a força da água da queda; a seguinte para comportar cortes de perlon (muita gente já usa aqui para a filtragem química, colocando o carvão); a outra seria da mídia biológica (o melhor é a cerâmica própria de aquário – bioballs e argila expandida seriam questionáveis para ocupar este espaço) – acredito que uns 25-30% do volume; e o compartimento de retorno.

Como uma das funções do Sump é a estética, escondendo filtros, bombas, termostatos e aquecedores, pode ser que você sinta o aquário principal desprovido de “atitude”. Não é um pensamento absurdo, mas lembro que no artigo anterior falei do UGJ (Under Gravel Jet), um sistema de circulação de água do aquário e ele pode ajudar muito a eficiência do Sump, deixando a sujeira em suspensão, evitando que ela acumule, para ser pega pelo fluxo de água e lançada no Sump.

Claro que existem mais detalhes técnicos que fazem a diferença, mas isso exigiria um artigo bem mais longo e complexo. Porém, entendendo os conceitos e porquês de um Sump, você pode encontrar algum projeto na internet que sirva, ou consultar alguém que entenda, e fazer o seu próprio – lembrando da dica do primeiro parágrafo do artigo 😊.

Agradeço muito a leitura e espero ter trazido algo útil para ajudá-lo dentro do mundo do aquarismo. Até o próximo artigo!

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