
O assunto de rochas tem grande importância no hobby. Não se trata apenas escolher rochas que você consegue levantar ou que são bonitas, existem alguns importantes detalhes que precisamos considerar para não comprometer a integridade do aquário como um todo.
Nesse sentido, trago aqui um apanhado de informações básicas para poder ajudar a você a escolher a melhor rocha para compor o hardscape do seu aqua de água doce.
Função das rochas
Para entender de forma completa, é legal saber os motivos de um aquarista ter uma rocha dentro de seu aquário. Rochas servem para três básicas funções: decoração, ambientação dos peixes (deixá-los com a sensação de segurança) e modificação de parâmetros da água (mesmo que seja limitado, em tempo e dimensão, mas isso aqui é muito importante).
Tipo de rochas
Se fôssemos pegar pelo lado da geologia entraríamos num infindável – e belo – mundo de classificações, mas aqui vamos nos ater às rochas em si, não necessariamente na sua formação/origem (rochas sedimentares, ígneas e metamórficas).
De forma muito rápida:
- Sedimentares: formadas pela deposição, e posterior compactação e cimentação de fragmentos;
- Ígneas: originadas pelo resfriamento e solidificação do magma, por isso podem também serem chamadas de magmáticas.
- Metamórficas: formadas por mudanças mineralógicas ou físicas de rochas preexistentes (ígneas, sedimentares ou mesmo metamórficas), provocadas por aumento de pressão e temperatura.
(info baseada no site da USP).
Rochas que costumam ir para os aquários
Agora sim chegamos na parte prática. Aqui selecionei o que literalmente pegamos na mão para inserir num aquário. Dentre as inúmeras opções possíveis, selecionei as que mais costumamos ver e as com mais chance de dar certo, dependendo do seu projeto, claro. Bora ver o que tem pra hoje!
Rocha calcária. Normalmente se trata de uma rocha sedimentar carbonática (compostas de carbonatos: CO32-) e tem certa solubilidade na água (tornando-a dura e com pH alto, por um tempo apenas), assim como reagem com ácidos. Inclusive, para saber se uma rocha é calcária, pingue algumas gotas de vinagre, se borbulhar é porque se trata de uma rocha deste tipo. Evite-a para aquários de água doce neutra ou ácida, por outro lado, se for para ciclídeos africanos, ela é a mais recomendada.
Dolomita. É um tipo de calcário com mais magnésio do que cálcio.
Granito. Os granitos são formados pelo resfriamento lento do magma (de profundidade, não o que vem à tona em erupções), sendo que seus minerais cristalizam e ficam distinguíveis a olho nu. O granito é quase feito só de quartzo e feldspato (uns 80%) – o feldspato pode ser branco, cinza, rosa, vermelho ou verde, determinando a cor do granito – e por ser duro e resistente é seguro para aquários.
Basalto. Assim como o granito, o basalto também é uma rocha ígnea vulcânica, só que com resfriamento fora da crosta terrestre (extrusiva) e rápido, deixando-o com grãos muito finos, não distinguíveis a olho nu; sua cor é escura. Costuma ser menos estável que o granito e atua na água, geralmente aumentando o pH (em baixo grau e por algum tempo).
Ardósia. É uma rocha metamórfica, com grãos finos de quartzo, entre outros minerais em menor quantidade. Costumam ser inertes e, assim, apropriadas para aquário.
Gnaisse. Uma metamórfica muito comum, caracterizada por bandas alternadas de minerais, dando aquele aspecto rajado a ela, muito bonito. Costumam conter quartzo e feldspato, o que as torna pouco ativas na água.
Arenito. É uma rocha sedimentar resultante da deposição de grãos de areia (compactado e cimentado naturalmente), normalmente quartzo. As cores são relacionadas ao tipo de “cimento”, sendo que os tons avermelhados ou alaranjados, podem estar associados à presença de óxido de ferro.
Duas rochas metamórficas, que podem ter origem em rochas sedimentares, também devem receber um espacinho aqui: Quartzito (composta praticamente de quartzo, sendo formada pelo metamorfismo de arenitos ricos em quartzo) e Mármore (vinda do metamorfismo de calcários).
Claro que são infindos os tipos, tendo eu selecionado apenas as mais comuns e facilmente encontradas. Por exemplo, certamente você encontrou nas lojas aquelas pedras lindas de ornamentação: Ohko Stone e Seiryu Stone, as quais dispensam minha apresentação, tamanho seu uso mundo afora. Certamente os lojistas saberão recomendar e garantir sua qualidade.
Como escolher a rocha certa?
A rocha certa é aquela que não lhe trará problemas, esta é a grande verdade. Agora que você já tem uma ideia de algumas delas, de como se adequam ao seu projeto, eu diria para você atentar para detalhes práticos, que podem ser avaliados e resolvidos sem maiores problemas, os quais seriam:
- Risco biológico: ninguém quer o aquário cheio de parasitas ou contaminantes, assim, tanto se as rochas foram coletadas na natureza quanto compradas em lojas, certifique-se de que não carreguem poluentes, o que pode significar desde a existência de biologia não desejável até a presença de pesticidas/herbicidas. Para tanto, as rochas devem ser muito bem lavadas sob água corrente; é difícil se pensar em ferver rochas, especialmente se elas tiverem um tamanho avantajado, mas jogar água fervente pode ajudar.
- Peso: rochas pesadas nunca devem ser colocadas diretamente no fundo de vidro do aquário. A pressão diferencial de uma ponta pode fazer o vidro trincar, assim, use isopor ou aquelas placas de filtro biológico antigo, para ficar entre a pedra e o vidro.
- Estabilidade: empilhe as rochas de forma estável para evitar desabamentos. Caso necessário, use silicone próprio para aquários para fixar rochas umas nas outras (para esconder o branco da cola, você pode polvilhar o pó da própria rocha sobre a cola recém-aplicada).
- Arestas afiadas: evite a todo custo rochas – na verdade qualquer objeto – que tenha pontas ou arestas que possam ferir os animais do aquário.
Dito isso, agora é sua vez de escolher as melhores rochas para seu aquário; elas ornamentam e ambientam os peixes e demais seres e tais detalhes as fazem importantes. Se as escolhermos com alguns critérios em mente, dificilmente se tornarão “uma pedra no sapato” (eu não sou eu sem trocadilhos, desculpe rsrs).
E ficamos por aqui…espero ter trazido algum conteúdo útil, nem que seja uma pergunta ainda não feita por você mesmo. Nos vemos no próximo artigo, sai já já! Até lá!

Com Bravo de Bravura, e não de Braveza, Johnny Bravo (João Luís), escreve para revistas especializadas e para o blog da Sarlo há um cadim de tempo. Nessa jornada Julioverniana, após 20 Mil Léguas de textos, agora ele também desenvolve os roteiros para os vídeos de chamada do Sarlocast, onde você pode ouvir a sensual voz desse aquaman (tradução: homem de aquários).