No último artigo falei das rásboras, peixes do sudeste asiático. Aproveitei para ficar na região e migrar um pouco mais para o sul, visando encontrar os peixes arco-íris, em especial Iriatherina e Melanotaenia. Neste caso, estamos falando da região do norte e leste da Austrália e Nova Guiné, assim como algumas ilhas próximas, abrangendo a Indonésia.

Essa designação de “peixes arco-íris” remete não somente às “duas” mencionadas, mas sim a uma família inteira, chamada Melanotaeniidae. Trata-se de peixes coloridíssimos, cuja característica geral é que machos sejam maiores e mais coloridos e vistosos, com aspectos do que chamamos de furta-cor, ou seja, cor cambiante, que muda gradualmente, de tonalidade alterada conforme a luz que se projeta sobre ela e por isso a denominação da família.

Vamos ver o que tem pra hoje? Começamos com o magnífico universo da IA colocando aqui para mim e pra você, com os fins didáticos pretendidos, meus dois personagens deste artigo: Melanotaenia e Iriatherina.

Conhecendo tecnicamente a Família Melanotaeniidae

Como já informei, tanto Iriatherina quanto Melanotaenia são peixes da mesma família, a qual representa o maior grupo monofilético de peixes de água doce encontrados na Austrália e Nova Guiné.
Num artigo online de Unmack, de 2013, ele descrevia a família sendo composta por sete gêneros e um total de 81 espécies, amplamente distribuídas por toda a região, porém, em consulta ao Fishbase, vi reportados 7 gêneros e 114 espécies. E é aí que começamos a adentrar os bastidores dos protagonistas do artigo.

O motivo de ter colocado aspas na palavra “duas” lá em cima era para destacar mais aqui na frente que não falava de duas espécies apenas, pois enquanto o gênero Iriatherina é monoespecífico, Melanotaenia tem hoje 89 espécies validadas (cerca de 78% do contingente específico da família – não é à toa que dá nome a ela).

As únicas áreas em que a família está ausente é a acidentada porção nordeste da Nova Guiné, a leste do rio Markham e em altitudes mais elevadas (grosso modo estariam presentes abaixo dos 1000 m de altitude e nenhum encontrado em mais de 2000 m). Há que se ressaltar também que não são encontrados nem zonas muito áridas, nem em áreas muito gélidas do continente australiano.

Numa vista macro, bem geral mesmo, posso dizer que a maioria das espécies está na faixa dos 12 cm de tamanho para baixo, seus exemplares costumam ser pacíficos e gregários, tonando-se excelentes escolhas para aquário ornamental. Olhando imagens do melanotenídeos, podemos perceber que suas bocas estão no meio da cabeça ou mesmo voltadas para cima, certo? Então, isso nos diz que têm maior facilidade em captar alimento na superfície, tornando a ração flocada mais indicada.

Há uma característica muito legal nesta família, que é pouco vista nos peixes de aquário: eles têm duas nadadeiras dorsais, sendo uma menor a frente e outra, maior, atrás, separadas por um pequeno espaço vazio no dorso. Também achei legal destacar que sua linha lateral é pouquíssimo evidente ou mesmo impossível de se ver.

Como curiosidade, a etimologia do nome Melanotaenia tem o seguinte significado: Melano significa escuro e taenia faixa ou banda, sendo assim, seria algo do tipo “banda ou faixa escura”. “Mas por que?”, você se pergunta, já que o que mais vê são peixes sem tal faixa. Pode ser que peixes com padrões como os da imagem abaixo tenham sido os primeiros ou sejam comuns na amplidão das espécies.

Melanotaenia spp.

Seria impossível falar de 89 espécies num artigo como este. Assim, vamos fazer um sobrevoo de drone para ver como o gênero está distribuído e para tal fiz uma representação manual do que encontrei de informação:

Como podemos observar é uma distribuição muito ampla e distinta, considerando que o continente tem montanhas, florestas, desertos e zonas geladas, assim, posso apenas aconselhar de maneira genérica sobre melanotênias.

Melanotaenia gorducha

Melanotaenia gorducha sp. (o “gorducha” é criação, pois não soube identificar a espécie)

Por observar que se encontram mais amplamente concentradas entre a Linha do Equador e a do Trópico de Capricórnio, sugiro uma temperatura entre 26 e 30°C e pH na faixa dos 6,5 a 8,0; sendo que, claro, como um bom aquarista, você procurará saber de que espécie se trata a que você comprou ou pretende comprar, e adequará os parâmetros em conformidade às exigências da espécie. Observe que há uma grande área abaixo do trópico, composta por terreno acidentado, que pode apresentar características bem diferentes.

Iriatherina werneri

É única e exclusiva! Na tradução literal do inglês Threadfin rainbowfish, seria “peixe-arco-íris de barbatana filamentosa, ou só iriaterina para os íntimos.

Consta que sua distribuição é na Ásia e Oceania, mais especificamente no centro-sul da Nova Guiné e norte da Austrália; fiz também uma visualização manual em mapa:

Segundo Fishbase.org, a iriaterina habita pântanos de terras baixas, valas de drenagem e riachos com vegetação abundante – fluxo lento. As faixas de temperatura e pH são, respectivamente, de 23 a 28°C e 5,2 a 6,6. Sua longevidade é relativamente curta, com média de apenas 2 a 3 anos e seu tamanho gira entre os 3 e 4 cm.

E com este rápido sobrevoo, finalizo mais um artigo que pretende instigar a pesquisa no aquarismo e trazer apontamentos úteis.
Agradeço demais a leitura! Vejo você no próximo artigo, que já já estará aqui no blog. Até lá!

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