Os peixes são o maior grupo de vertebrados, sendo que é possível que representem metade, ou mais, do número de espécies de vertebrados existentes na Terra. Possuem os mais variados tamanhos, que podem ir de 10 mm até 12 metros, diferentes composições de esqueleto e de órgãos internos. Por isso, não são simples de se definir e o que se pode garantir apenas é que são todos aquáticos.
Num universo tão diverso desses, fiz um recorte procurando trazer pra cá o que podemos esperar da maioria dos peixes de aquário, em termos de anatomia interna e externa. Bora ver o que temos pra hoje!
Anatomia Geral
O corpo de um peixe tem 3 partes: cabeça, tronco e cauda. A parte da cabeça comporta a central nervosa e sensorial, estruturas de respiração e obtenção de alimento; o tronco é a região onde estão concentradas as vísceras, como o coração, fígado, bexiga natatória, gônadas, intestino, estômago etc.; e a cauda é a cauda. 😊
Para termos uma visualização informativa, para facilitar a fixação do conteúdo, preparei imagens das anatomias externa e interna, considerando um peixe genérico. Começando pelo que vemos com nossos olhos, quando estamos admirando o aqua, é isso que vemos:

Uma observação: esse desenho traz escamas e nadadeira adiposa, mas registro aqui que não são todos os peixes que possuem escamas – alguns têm “couro”, alguns têm placas – e isso vale também para a nadadeira adiposa, uma nadadeira sem raios rígidos e de tecido gorduroso que alguns entendem que tem alguma funcionalidade de navegação, outros que ela pode ter efeitos de controle térmico, o fato é que ela não tem muito claro seu papel e alguns peixes já não a possuem – você pode encontrá-la em tetras e nenhum vestígio dela em ciclídeos.
Internamente o peixe é um organismo completo e complexo, não como os humanos ou mamíferos em geral, mas dispõe de muitos órgãos e sistemas que possuímos, e por isso trouxe um questionamento para uma avaliação técnica e moral, que já vi muitas pessoas fazerem ou ignorarem…mas vamos começar vendo o peixe por dentro, antes de fazer a pergunta:

O esqueleto deles sustenta e protege os órgãos, músculos e tecidos. Há uma estrutura mais resistente que forma o crânio, opérculo e a espinha por onde vai a medula espinhal e outra que equivaleriam às nossas costelas (o que tiramos da boca e reclamamos quando comemos peixe), que embora mais fina e articulada dá estrutura à cavidade que guarda os órgãos e os protege, e deixa as nadadeiras eretas ou aptas a auxiliar no nado.

Alguns órgãos, por conhecermos o funcionamento humano, podem ser facilmente entendidos, outros, porém, podem gerar dúvidas na gente e são esses que destaco.
Bexiga natatória, por exemplo, é um órgão flexível como um balão, que permite aos peixes ósseos conseguir permanecer em determinada profundidade por meio do enchimento e esvaziamento do conteúdo gasoso ali existente. É na verdade uma vesícula que controla a entrada e saída de oxigênio (principal gás usado), existente na corrente sanguínea.
O cérebro de um peixe é simples, com divisões responsáveis pelo olfato (maior parte na maioria dos peixes), visão, controle dos músculos, sistema endócrino e sensorial. Ainda assim ele possui um sistema completo. E é nesse contexto que tento responder a uma pergunta: Peixe sente dor?
Muitas vezes, devido aos peixes não apresentarem expressões de dor ou que ativem em nosso sistema límbico uma sensação que nos induza à pena (ou algo similar), muitas pessoas acham que eles não sentem dor.
Antes de responder diretamente, vamos analisar sua estrutura nervosa. Em termos mais simples, o sistema nervoso de um peixe tem duas divisões: o sistema nervoso central e o sistema nervoso periférico. Já ouvimos algo assim, referente aos humanos, não? Ou seja, a organização básica assemelha-se a nossa.
O sistema nervoso central é composto pelo cérebro e pela medula espinhal e funciona assim: o cérebro (protegido pelos ossos do crânio) recebe informações dos órgãos sensoriais que monitoram as condições dentro e ao redor do peixe, interpreta essas informações e envia comandos de resposta ao corpo. O periférico é a rede nervosa que conecta os músculos e órgãos sensoriais (linha lateral, olhos, narinas etc.), detectando as mudanças tanto no ambiente quanto no próprio corpo.
Isso lhes proporciona um raciocínio rudimentar, limitado a aprendizados como escolha de lugar, identificação de perigos ou presa/comida. São também capazes de entender e agir em conforme com seu cardume, quando for o caso, assim como ter respostas a estímulos disruptivos, perturbadores ou desconhecidos, tornando-se agressivos, mudando de cor, camuflando e mesmo comunicando-se. Respondem a estímulos que conhecemos por fome, medo, excitação e adoecimento, dentre outros. Tal como em humanos, peixes possuem Nociceptores, os quais são receptores especializados em sentir estímulos potencialmente danosos ao corpo, como calor, frio, pressão e substâncias químicas, e transmitem sinais de dor ao sistema nervoso central. Então, a resposta à pergunta do tópico é: sim, peixe sente dor.
Podemos perceber o sofrimento de um peixe quando: 1) ele perde sua coloração natural (escurece ou empalidece), 2) muda seu comportamento (fica agressivo ou apático) ou 3) adoece. Reflitamos sobre isso! 😊
Bem, este é mais um artigo que faço em prol do bem-estar dos peixes e do aquarismo. Espero ter trazido algo interessante ou que gere mais questionamentos. Me despeço por aqui, agradecendo a leitura, e aguardo você no próximo, que já já estará aqui. Até lá!!!

Com Bravo de Bravura, e não de Braveza, Johnny Bravo (João Luís), escreve para revistas especializadas e para o blog da Sarlo há um cadim de tempo. Nessa jornada Julioverniana, após 20 Mil Léguas de textos, agora ele também desenvolve os roteiros para os vídeos de chamada do Sarlocast, onde você pode ouvir a sensual voz desse aquaman (tradução: homem de aquários).







