Rochas DIY, o que é isso? Se você achou o termo estranho, então, deixe-me explicar. Trata-se de uma sigla, vinda do inglês, da abreviação de “Do It Yourself” (traduzindo: “Faça Você Mesmo”), usada em muitos nichos, incluindo o aquarismo.

É uma prática comum no hobby, usada quando queremos modelar formas e estruturas no hardscape (composição rochosa) do nosso aquário e ir atrás de uma (ou mais) rocha(s) é uma tarefa complicada demais para o propósito. No aquarismo marinho é bem comum, até por causa dos elementos usados para sua construção e pelo fato de nem sempre você encontrar “rocha viva” (ou morta) com procedência legal (nota fiscal), entre outros.
Ainda posso destacar que, além de ter a forma que sonhamos, a grande vantagem de uma rocha DIY é que ela não traz consigo os parasitas que rochas vindas do ambiente natural podem trazer. Pense nisso!
Bem, vamos ver o que nos reserva esta conversa aqui. Bora lá!

Materiais e Modo de Fazer

Sim, já entramos direto no “como fazer” porque é do que se trata: nós vamos construir rochas do jeito que queremos e não ter a sorte de encontrar aquelas que nos atendem.

E para tal, basicamente precisamos de cimento e agregado…e é aqui que vou começar a explicar. Cimento sabemos o que é, mas “agregado” que troço é esse? Fácil: agregado é o material misturado ao cimento para dar forma e porosidade (que é boa para favorecer a colonização por bactérias do bem, que fazem ciclo do nitrogênio) ao objeto final, a rocha. A areia, halimeda, conchas ou cascalho são as escolhas mais populares de agregado. Você pode ter ouvido por aí sobre a construção com “massa plástica”, mas nem de perto é a mais comum e, por isso, dela não tratarei neste artigo.

Vendo vídeos e lendo sobre o assunto, observei algumas tendências e informações válidas, e são essas que trago.

Ao escolher cimento temos muitas opções, mas das recomendadas trago duas: 1) se for cimento branco, sugere-se o estrutural, pois embora mais caro e encontrado em sacos grandes, entende-se que os demais têm produtos químicos não aconselháveis, 2) e cimento normal, neste caso, o CP II-E-32, também por causa de aditivos outros que não se sabe o quão mal atuarão num aquário.

Já para os agregados, aí amigo, há muita coisa: areia de construção, dolomita moída ou em pedrinha, cascalho de aquário, halimeda, aragonita, areia de filtro de piscina e concha moída. Tem mais? Tem sim, mas estes são os mais usados, todavia, farei um destaque: sal grosso. Isso mesmo, o sal do churrasco. É usado para deixar maior porosidade, pois ao ser dissolvido no processo, que usa muita água, deixa o espaço que ocupava, oco. Eu não usaria por achar que não faz falta, visto que ao misturar elementos de tamanhos distintos, você consegue boa porosidade.

Como escolher o agregado a ser usado? Pense em coisas como: pedras dão aspecto mais granuloso ao resultado e aumenta o peso, material fino daria aspecto mais liso, material X é mais difícil de encontrar e o Y atua menos no pH da água. Ou seja, é muito livre e depende mais do seu propósito e gosto. Só que mais importante é a informação de que “a diferença de granulometria, ou seja, diferentes agregados, ajuda não só no aumento da porosidade, mas também na resistência da rocha”.

E depois de tudo selecionado? Mão na massa! Vamos lá:

Misturar a massa: meça 1 parte de cimento, para 5 partes de agregado e misture, usando água. É fundamental, por motivos estruturais, que umas 2 partes sejam de outras areias (de construção e outra, como aragonita). A água usada deve ser colocada aos poucos, até que a massa tenha aquele aspecto lustroso de molhada (deixe parte da mistura ainda seca, para o caso de você exagerar na água).

Modelagem: para dar forma a rocha construída, podem ser usados: jornal molhado, saco plástico com areia (vários tamanhos), papelão, isopor, papel alumínio, caixa/cama de areia. Com esses materiais, moldamos as cavidades e contornos para que, quando secar a massa, as formas permaneçam, sendo estes moldes de fácil separação. Para decidir os tamanhos de túneis e tocas, será importante você conhecer os tamanhos que os peixes que os usarão virão a ter.

Secagem (cura): a secagem lenta e gradual é a que queremos. Após 6 ou mais horas, verificando que a parte externa já está com aparência seca, colocar jornal molhado por cima. Durante uma semana, uma vez ao dia, molhe a peça sem retirar o jornal; após isso, retire o jornal para secar de vez. A secagem total demoras de 2 a 3 dias.

Minha dica no manuseio desta etapa é o uso de luvas, porque o cimento é cáustico, que pode queimar sua pele. Para diminuir a sujeira, especialmente se você mora em apartamento, faça tudo sobre uma lona ou saco de lixo aberto sobre a superfície de apoio.

Posso colocar a rocha diretamente no aquário?

NÃO. Como o cimento – devido ao calcário – muda radicalmente o pH da água (KH e GH também), é aconselhável deixar ele perder um pouco desse potencial antes de entrar no aqua, mergulhando a peça noutro recipiente com água e trocando ela a cada 3 ou 4 dias (se houver disponibilidade de tempo, pode ser a cada dois dias). A água do molho inicialmente fica com pH muito alto, geralmente acima de 10. O processo pode levar de duas a quatro semanas, ou até mais. A troca de água é para remover esses compostos alcalinos e acelerar a queda do pH da água de repouso.

Há relatos que dizem que, para antecipar isso, para um tempo de três semanas, usa-se água de um aquário em atividade – isso porque normalmente os aquários tendem a ter água ácida (salvo tipos específicos), assim, ao invés de eliminar a água da TPA, coloca-se ela no recipiente onde estão as rochas DIY e só depois do molho é que a água é descartada.

Para ter certeza de que chegou o momento de colocar num aquário, acompanhe por meio de testes de pH a água do molho, quando reparar que parou de aumentar o pH em níveis rápidos e altos demais será a hora de dizer que ela está habilitada a entrar no aqua.

Cabe lembrar que para aquas de Ciclídeos Africanos ou Marinhos a alteração da química da água seria positiva, pois atuaria em prol dos níveis desejados.

Em resumo, a confecção de rochas caseiras é uma alternativa viável para aquaristas que querem economizar e personalizar seus layouts. No entanto, exige cuidado com a escolha dos materiais e, principalmente, com o processo de cura, que deve ser feito com paciência e monitoramento constante para evitar desastres no aquário.

Você tem ou já teve alguma? Gosta dela? Pensa em fazer? Independentemente das respostas, espero ter trazido algum conteúdo útil para sua prática no aquarismo. Agradeço a leitura e vejo você no próximo artigo, que sai já já. Até lá!

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