
Parece que não, mas esta é uma discussão muito importante no hobby. Importante quando a abordagem não é para qualificar o gosto de um aquarista como bom ou mau (até porque isso é subjetivo demais para gerar um artigo), mas sim para zelar pela qualidade de vida dos peixes e seres do aquário.
Os ornamentos dos aquários vêm para atender a vários objetivos: um ambiente lúdico para crianças, um harmônico jardim plantado, um intrincado emaranhado de galhos e raízes para beneficiar peixes específicos ou um prático ambiente para quem não tem tempo para manutenções prolongadas. O que se quer começar falando aqui é sobre a motivação para ornamentar um aquário, que pode ser qualquer uma…queria já aproveitar para fazer um primeiro destaque, pois “qualquer uma” é exagero e vou explicar mais à frente.
Para seguirmos na mesma linha, vamos só identificar o que seriam esses enfeites a que o título remete. O que é ornamentação natural? Tudo aquilo que podemos usar para enfeitar um aquário e que venha diretamente da natureza: plantas aquáticas, troncos e raízes, rochas e substrato para o fundo. O que é ornamentação artificial? No polo oposto da natural, me refiro aos itens feitos de plásticos, resinas, porcelanas ou de matérias produzidas pelo ser humano.
A grande chamada do artigo é para atentar para o que se escolhe, pesando prós e contras e mesmo avaliando os riscos de arruinar com todo seu projeto de bem-estar. Assim, vamos dar uma olhada no que poderia ser observado para não comprometer nada em termos de qualidade da água, integridade dos seres vivos e outros detalhes.
O que observar para escolher ornamentação natural?
Minha preferida, mas que requer cuidados essenciais e, dependendo das escolhas, maior e mais apurado tempo de manutenção – uma desvantagem para muitos.
A primeira e mais importante coisa é limpar, limpar e limpar, assegurando-se que a chance de introduzir invertebrados e parasitas no aquário é mínima. O resto das dicas e observações vêm em forma de tópicos para dinamizar a leitura:
- conchas marinhas e corais: não sugiro para peixes de água doce – mesmo os ciclídeos africanos dos lagos do Rift – pois além de descaracterizar o cenário, alteram o pH e dureza da água, embora seja por tempo limitado;
- folhas e madeiras: evitar as de rápido apodrecimento/decomposição, resguardando a qualidade da água;
- rochas: atentar para o fato que algumas alteram a composição da água – ótimas para certos tipos de aquário – ex: Ciclídeos Africanos do Malawi;
- substrato: o ideal são os neutros, feitos de quartzo, que cabem para a maioria dos aquários, mas temos os de minerais escuros que são lindos e dão um valor no impacto visual ou opte pelos já enriquecidos com elementos (como ferro), que além da cor é fundamental para projetos com plantas vivas;
- plantas aquáticas: magníficas, mas exigem constante manutenção, luz qualificada, CO2, substrato fértil e podas; e
- casca de coco: não me refiro aquela mais externa e fibrosa, mas sim a parte dura interna, antes da “carne branca”, ela é muito usada para abrigos e locais de desova para vários peixes, como apistos.
O que observar para escolher ornamentação artificial?
Aqui a indubitável questão é optar por marcas que tenham reconhecido uso no aquarismo, normalmente encontradas em lojas especializadas e petshops. Isso porque seus idealizadores já harmonizaram os produtos, evitando que contenham pontas ou arestas cortantes e a pintura ou o material que constitui o objeto não libera compostos tóxicos.
Um importante detalhe cabe aqui dizer: não necessariamente o aquário com decoração artificial aparenta ter esse visual frio ou lúdico demais, pois há grande variedade de itens que reproduzem aspectos bem reais na cor e na forma. Vamos lá, em tópicos, tentando explorar as motivações para montá-los:
- aquário lúdico/infantil: este visa entreter e mesmo sensibilizar crianças mais novas, aproximando-as da natureza, aqui os elementos são absolutamente variados, podendo existir desde personagens, como Bob Esponja, até itens que atiçam seu interesse, como mergulhador que solta bolhas, baú de tesouros que abre e fecha etc.;
- explosão de cores: visando dar um aspecto impactante utiliza cores neon, em forma de plantas, anêmonas, entre outros;
- tradicional: remeto aqui aos itens mais antigos, como ornamentos em forma de ruínas ou navios naufragados, muitas vezes úteis como refúgio para peixes mais tímidos, visto que costuma ter cavidades;
- funcional: normalmente desenvolvida para propiciar certos objetivos, como reprodução, assim, canos de PVC, vasos de cerâmica ou bolas de gude (para peixes que têm desova livre costumam comer os ovos); e
- natural: itens de grande semelhança aos naturais, como rochas e painéis rochosos, troncos e plantas, mas também paisagens completas, com direito a montanhas, cavernas e vegetação, ou ainda crânios de animais, com a vantagem de possuir orifícios que viram cavidades/cavernas para os peixes.
Como dica de montagem eu só daria uma: enfeites menores na frente e maiores atrás, para evitar que parte da decoração fica escondida. A montagem é livre, quero dizer, se os itens estão nos conformes do bem-estar, não há problemas.
Viu como era possível falar deste tema sem abordar o gosto do aquarista? Cada um tem o seu e tudo que importa é cuidar bem de nossos amigos submersos.
Agradeço muito a leitura e aguardo você no próximo, até lá!

Com Bravo de Bravura, e não de Braveza, Johnny Bravo (João Luís), escreve para revistas especializadas e para o blog da Sarlo há um cadim de tempo. Nessa jornada Julioverniana, após 20 Mil Léguas de textos, agora ele também desenvolve os roteiros para os vídeos de chamada do Sarlocast, onde você pode ouvir a sensual voz desse aquaman (tradução: homem de aquários).