Aquário de água doce de ciclídeos africanos

Os ciclídeos africanos são opções um tanto interessantes para quem quer ter um aquário bonito e colorido. Mas quem são esses animais? Os peixes que chamamos de ciclídeos são, na verdade, aqueles de água doce que integram a família Cichlidae, a maior família de peixes de todas!

Estão espalhados ao redor do mundo, sendo que no continente africano eles se destacam na região do Rift Valley, em três gigantescos lagos: o lago Malawi, o Tanganyika e o Victoria. A variedade desses animais é muito grande, então costumamos dividi-los em grupos como os Mbunas, Não Mbunas, Shell Dwellers, Tropheus, entre outros.

Para um iniciante, eu indicaria escolher um dos três lagos para basear seu aquário, evitando misturar peixes de lagos diferentes. Isso porque pode acabar havendo incompatibilidade entre eles devido a questões como os parâmetros da água, o comportamento e a alimentação.Visão subaquática do Lago Malawi

Comportamento

Os ciclídeos africanos costumam ser agressivos e territorialistas, alguns bastante e outros nem tanto. Portanto, tenha em mente que em seu aquário pode haver disputa por território, alimento e parceiras, o que nós queremos evitar. Por isso, é muito importante que você pesquise sobre o comportamento desses animais antes de escolher quais espécies quer ter em seu aquário.

Algumas espécies, por exemplo, não aceitam indivíduos da mesma espécie no mesmo aquário, ou até de espécies diferentes mas com o mesmo padrão de cor. Às vezes, indivíduos maiores podem se tornar dominantes e territorialistas em relação aos menores. Portanto, além de estudar se as espécies que você deseja ter são compatíveis, é preciso se preocupar com questões de seu aquário que podem diminuir as brigas. Por exemplo, um tanque grande, espaçoso, com cerca de 200 litros, diminui as chances de conflitos por território. Além disso, ter decorações que sirvam de “toca”, de esconderijo, também é uma boa.

Alimentação

Dado que a diversidade de ciclídeos africanos é muito grande, a diversidade de suas dietas também é grande: há espécies herbívoras, onívoras e carnívoras. Existem rações específicas para cada caso, para cada grupo de ciclídeos africanos, e que podem garantir uma nutrição adequada para cada um deles. Portanto, verifique qual a ração mais adequada para os que você deseja criar!

Aliás, é sempre bom manter no mesmo aquário apenas peixes com os mesmos hábitos alimentares, de forma que seja possível garantir que estejam tendo suas necessidades nutricionais atendidas.

Parâmetros da água

É de se imaginar que os parâmetros da água de seu aquário devam seguir os dos habitats naturais dos ciclídeos africanos, os lagos que já mencionei. Manter essas condições pode ser um desafio, principalmente por conta da alcalinidade da água.

Primeiro em relação a temperatura da água, deve ser mantida em torno dos 24-28°C, podendo variar um pouco dependendo da espécie. Quanto ao pH da água, este deve ser alcalino: em torno dos 7,8-8,6, mas podendo até ser mais do que isso – novamente, é preciso checar o pH ideal para cada espécie.

Além do pH, o KH (dureza carbonatada) e o GH (dureza total), também devem girar em torno de números muito mais elevados do que em aquários “comuns”. Isto é, em aquários de ciclídeos africanos, a água deve ser alcalina e dura, sendo que os valores ideais devem ser consultados quando tiver escolhido as espécies que deseja.

E como manter a água com as condições semelhantes àquelas dos lagos africanos? Bom, é interessante que seja usado um substrato alcalino, como cascalho de conchas ou areia de coral, que irão ajudar a elevar o pH da água. As decorações, além de servirem de esconderijo, também podem ajudar na questão da água, visto que adicionar rochas calcárias ajuda a manter a alcalinidade. É possível utilizar também produtos de suplementação projetados para manter a dureza e a alcalinidade nos níveis desejados.

É importante ressaltar aqui que é fundamental medir regularmente os parâmetros da água (existem kits de testes) para acompanhar possíveis mudanças, tomando medidas corretivas quando necessário.

Filtragem

O sistema de filtragem é essencial em qualquer aquário, mas no caso de um aquário de ciclídeos africanos, consegue ser ainda mais. Isso porque a amônia (que já pode causar problemas em qualquer aquário) se torna ainda mais tóxica em meio alcalino.

As mídias filtrantes são divididas em mecânicas, químicas e biológicas (como já detalhei melhor algumas vezes em outros posts deste blog), mas aqui enfatizo a importância da biológica, composta por bactérias do ciclo do nitrogênio. Elas são essenciais para diminuir as concentrações de amônia em seu aquário, o que será mais do que necessário.

Além da filtragem, a troca parcial de água também é essencial, assim como em qualquer aquário. A frequência e a quantidade de água trocada dependem da carga biológica do aquário e dos resultados dos testes de água, mas provavelmente a frequência será de 2-4 semanas, com trocas de até 30% do volume.

Espécies

Indivíduo de Aulonocara sp., espécie do lago MalawiAqui trago para vocês alguns exemplos de ciclídeos africanos que são interessantes de se ter em um aquário. Lembrando aqui que tudo depende de qual dos lagos está servindo de base para você!

Algumas recomendações são os Labidochromis caeruleus, os Julidochromis marlieri ou J. regani, os Aulonocara spp., os Altolamprologus calvus, os Melanochromis auratus e os Neolamprologus multifasciatus. De novo, aqui são só algumas opções, tudo depende de qual ecossistema você quer reproduzir, se são espécies compatíveis ou não, etc.

Enfim, aqui foram só algumas dicas sobre esse tipo de aquário. Caso queira estudar mais sobre o tema, recomendo que dê uma olhada aqui! E para mais dicas como essas, não deixe de acompanhar o Blog Sarlo e o Sarlocast!

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