
Vamos começar aqui com um nivelamento de conceitos, até porque ninguém é obrigado a nascer sabendo o que é uma macrófita, certo? Macrófita nada mais é uma planta grande o suficiente para ser vista a olho nu. Normalmente encontramos o termo “macrófita aquática”, que é o que nos interessará aqui, pois faz jus a qualquer planta que viva em ambientes encharcados, inundados ou submersos.
E nutrientes? No caso dos aquários, focaremos no fósforo (P) e nitrogênio (N), que normalmente vemos falar sob as fórmulas de fostato (PO4-3), nitrito (NO2–), nitrato (NO3–), amônio (NH4+) e amônia (NH3). Lembremos que o ciclo do nitrogênio é uma das coisas mais importantes de se entender no aquarismo, ou pelo menos, ter ele funcionando bem. Já temos a noção que a matéria orgânica pode advir de comida que sobrou, animais ou plantas em decomposição, fezes e qualquer outro tipo de excreção dos animais. Uma vez presente no aquário, começa a decomposição. Acontece que essa degradação costuma ser feita com a geração de produtos altamente tóxicos aos peixes, como a amônia e o amônio. Para tal, precisamos das bactérias nitrificantes (no aquário novo ainda não estão plenamente estabelecidas), pois são elas quem transformam as substâncias nocivas em outros compostos químicos, como os nitratos, que são formas menos agressivas e que as plantas adoram (inclusive algas).
E por que eu trago esse assunto de Macrófitas aqui? Bem, porque muitos hobbistas utilizam macrófitas para retirada de nutrientes da água, até porque muitas delas são ornamentais. E claro, porque boa parte delas já podemos mesmo conhecer, já que nossas plantas de aquário são macrófitas aquáticas.
Importância e funcionalidade
Li num artigo que no Brasil, diversos estudos têm sido realizados para examinar o papel das macrófitas na melhoria da qualidade da água, justamente por terem o papel de processar nutrientes, adsorver e absorver substâncias tóxicas. Não só isso, foram acentuadas também as reduções de bactérias indicadoras de poluição fecal dos nutrientes. Importante acentuar que para esses fins, a retirada do excesso de macrófitas é importante para manter o efeito de filtro e as eficiências de redução de componentes poluentes e para evitar que sua decomposição contribua com a elevação das formas de nitrogênio e fósforo. Uma delas, ao menos, você já pode estar aí pensando: o aguapé (Eichhornia crassipes); outra que é bem provável você já conhecer é o Alface D’Água (Pistia stratiotes), esta usada costumeiramente em aquário.
Partindo dessa importância, levamos nossas plantas aquáticas a um novo nível, que não somente o de ornamentação, mas sim de funcionalidade. Faço apenas um aparte aqui para destacar que boa parte das nossas plantinhas de aquário retiram nutrientes do solo e não da água, porém, algumas não só extraem nutrientes da água como também são muito eficazes. Como saber?
Para facilitar a busca, basta imaginarmos plantas que sejam flutuantes e que suas raízes sejam lanças diretamente na água, como os gêneros: Salvinia, Lemna, Azolla ou Phyllanthus; ou ainda podemos decorar alguns nomes de plantas que são reconhecidamente captadoras eficientes de nutrientes: a Cabomba caroliniana, a Rabo de raposa (Ceratophyllum demersum) e a elódea (Elodea canadensis) – specialmente as duas últimas podem ser muito úteis no combate às algas, tamanha sua capacidade de absorção de nutrientes.
Por outro lado, há que se considerar a existência de plantas ornamentais, não tradicionais no aquarismo, que também têm sua manutenção diretamente dentro d’água, no caso, com as raízes completamente imersas. Falo de plantas como: a jiboia (Epipremnum pinnatum), o bambu-da-sorte (Dracaena sanderiana, que não é bambu) ou mesmo a begônia (Begonia spp.); pensando em aquas marinhos, vemos a criação de refúgios com plantas tipo Rhizophora spp. (usada para ajudar a manter os parâmetros de água).
Eficiência na retirada de nutrientes
Ter as plantas no aquário é uma coisa. Garantir a eficiência delas na exportação de nutrientes é outra. Por que? Primeiramente, para a retirada dos nutrientes é necessário que haja regular manutenção, como podas, retirada de excessos, garantias de qualidade de crescimento, evitar que morram e se decomponham no aqua etc. Segundamente, é bem complicado aferir as qualidades de cada planta, para sugerir fórmulas de quais plantas e em que números seriam suficientes para se alcançar estáveis balanceamentos de nutrientes no seu aquário.
Assim, embora eu apoie a opção de se ter plantas para controlar os nutrientes, nunca deixe de considerar, paralelamente, a quantidade de peixes, o poder e tipos de filtro, as trocas parciais periódicas de água, a quantidade e qualidade da comida dada aos peixes e, em casos mais urgentes, o uso de resina específica para remoção (de amônia, por exemplo).
Bem, por hoje é só, espero que o tema possa instigá-lo(a) a perguntar e a pesquisar mais. Obrigado pela leitura e nos vemos no próximo artigo, até lá!

Com Bravo de Bravura, e não de Braveza, Johnny Bravo (João Luís), escreve para revistas especializadas e para o blog da Sarlo há um cadim de tempo. Nessa jornada Julioverniana, após 20 Mil Léguas de textos, agora ele também desenvolve os roteiros para os vídeos de chamada do Sarlocast, onde você pode ouvir a sensual voz desse aquaman (tradução: homem de aquários).