Bem-vindo ao SarloCast, o podcast do Grupo Sarlo, dedicado a todos os fãs do aquarismo.

Saudações galera, antes de mais nada, bem-vindos ao meu primeiro podcast. eu sou o João Luis, conhecido também como Johnny Bravo, aquarista desde sempre e autor de alguns textos sobre aquarismo tanto em fóruns quanto em revistas especializadas. Nada melhor do que um podcast para quem não tem tempo de parar para ler né mesmo? Aproveite o tempo do ônibus, do engarrafamento da pedalada ou qualquer atividade que você esteja fazendo, que agora não precisa ser interrompida, para entrar mais no universo do aquarismo. Hoje vou falar sobre os pequenos notáveis, muitos julgam as coisas pelo tamanho não é verdade? Isso não está de todo errado. Já na natureza isso se processa da mesma forma, é algo instintivo.

Agora, dizer que tudo se resume ao porte, que tamanho é o que sempre vale, isso não é totalmente correto. Porque eu tô dizendo isso? No mundo dos peixes temos que fazem valer suas vontades mesmo sendo pequenos para nossos olhos.

Diversos aquaristas os conhecem com ciclídeos anões. Um clube informalmente criado para reunir peixes da família Ciclideo cujo tamanho de um indivíduo adulto nao ultrapasse 13cm. O pequeno tamanho não faz jus a amplitude que se distribui pelo mundo. Uma vez que são encontrados em vários países e diferentes continentes. Dos gêneros sul-americanos que comportam espécies de ciclídeos anões, algo entre 14 gêneros, eu destacaria os seguintes: Apistogramma, Dicrossus, Taenicara, Laetacara, Nannacara e Mikrogeophagus; dos inúmeros africanos, tanto do leste como do oeste: Nanochromis e Pelvicachromis (ambos do leste), mbunas do gênero Pseudotropheus, conchícolas do gênero Neolamprologus. E está aqui também o único ciclídeo asiático, do gênero Etroplus.

Pode ser que pelo gêneros que eu acabei de falar, você tenha reconhecido algum mais famoso. É até bem possível que você tenha um, ou ja tenha tido um deles.  vamos agora conhecer alguns deles Ok? Já adianto que os apistogrammas terão um espacinho só para eles, assim como ter um espaço específicos conchículas do lago Tanganika.

Quanto aos peixes selecionados para exemplificar este grupo, começamos com um ramirezi cujo nome científico é mikrogeophagus ramirezi, esse peixe já passou por vários nomes, incluindo os gêneros apistogramma, papilocromis, pseudoapistogramma e pseudogeophagus, até chegar onde está hoje, mikrogeophagus. Ele é um astro dos Aquários comunitários, por ser pacífico e colorido, e que o tamanho também não ultrapassa 7 cm, pode viver muito bem em aquários médios, o que seria algo em torno de 60 x 40 x 30 cm, ou 72 litros. Um casal pode ser inserido sem problemas, mas adverte-se para o fato que juntar dois indivíduos ainda não identificados pode gerar problema, pois o ramirezi é ligeiramente agressivo com peixes da mesma espécie. Ele advém da bacia do rio Orinoco, abrangendo a Venezuela e a Colômbia. Isso lhe confere parâmetros de água tropicais, que neste caso são: pH entre 5.0 e 6.0, água “mole” (mas cujos registros mostram que é bem variável: dH 5 – 12) e temperatura alta (27°C – 30°C).

O ambiente em que vive é de leito arenoso ou lamoso, vivendo próximo ao substrato – possivelmente daí que calhe o significado do nome que ele tem: pequeno (Mikro-) comedor (-phagus) de terra (geo)…tendo o hábito de forragear fundo à procura de comida. Por ser de rio, plantas, pedras e troncos são muito bem aceitos pela espécie.

Como todos os ciclídeos, a espécie é ovípara, sendo que a fêmea realiza o cuidado parental. Por falar nisso, é comum encontrarmos relatos de que eles não desempenham bem essa tarefa, por terem sido larga e artificialmente produzidos, perdendo um pouco dessa característica. Adiciona-se a isso o fato de que a prole se recusa a manter-se numa nuvem o que facilitaria os pais proteger e em alguns dias eles ficam dispersas facilitando a predação por outros peixes.

E o Kribensis, quem nunca ouviu falar de um Kribensis? Também denominado Krib para os íntimos, seu nome científico é Pelvichachromis pulcher e é outro famoso que vive muito bem no aquário do mesmo tamanho do que eu citei anteriormente. Ok, talvez um aquário um pouquinho maior seria melhor. Ele tem origem nos rios do oeste africano (sudeste da Nigéria e oeste de Camarões), dentre eles o rio Niger, com relatos de ocorrência em áreas estuarinas destes países. Ainda assim, é um peixe de água doce, mole, pH variante (algo entre 5.0 e 8.0) e temperatura tropical (24º e 25ºC).

Por viver próximo ao substrato, no ambiente natural, alimenta-se de vermes, crustáceos e insetos, e tem hábitos de escavar para fazer tanto sua morada quanto local de reprodução. São célebres as fotos de aquaristas que enterram até a metade vasos de barro, para que os Kribs adotem como caverna e lá depositem seus ovos. Os machos (com 11cm) são bem maiores que as fêmeas (de tamanho em torno de 6 e 7cm), convém ressaltar que nesta espécie, é a fêmea a mais colorida (na dúvida, verifique as nadadeiras pélvicas, que no macho são mais longas e afiladas bem na ponta). Sua agressividade é mediana, mas aumenta na época reprodutiva. Você pode providenciar troncos e moitas de plantas que se enraízam fácil para ajudar a proteger os peixes e caracterizar melhor o aquário.

Para contemplar cada um dos continentes onde ocorrem os ciclídeos, vamos para a Ásia agora, para encontrar o Mexerica, cujo nome científico é Etroplus maculatus, embora não saibamos afirmar a origem do nome, é plausível que seja por ter exemplares laranjas como a saborosa fruta de mesmo nome. Esse peixe é pacífico, chega aos 8-9cm, deriva de águas doces (embora frequente as estuarinas também) da Índia e Sri Lanka, com um pH alto (algo entre 8.0 e 9.0), água ligeiramente dura e temperatura fica entre 20 e 25ºC. Seu ambiente natural possui raízes e plantas, locais onde gosta de ficar e que também usa para se alimentar (no caso, zooplâncton, algas, alevinos de peixes).

Não aparenta diferenças entre os sexos. Desova no substrato, em suaves depressões escavadas pelos pais, sendo que seus filhotes estão sempre acompanhados de um dos dois; se um dos papais está comendo o outro está bem de olho!

O universo de ciclídeos sul-americanos da categoria dos anões, é infindável e por isso escolhi com carinho alguns exemplos. Comece com Taeniacara candidi, único representante do gênero e talvez por isso nem tem o nome popular que substitua o científico. É um peixe pequeno, 5 a 6cm, que pertence a um ambiente que chamamos de “black water” (água negra), devido à coloração dada pela matéria orgânica em decomposição (folhas e troncos). Ocorre no Brasil, nos rios Negro, Amazonas e Tapajós e é facilmente confundida, por aqueles com pouca experiência, com o Apistogramma agassizii, por ter a cauda em forma de lança. Esse peixe é considerado de difícil reprodução em cativeiro, a começar pelos parâmetros de água: extremamente mole e ácida (tanto que muitos hobbistas se utilizam de água deionizada, troncos e folhas para tentar reproduzir o ambiente de “black water”). A fêmea toma conta da prole, mantendo-a numa reentrância qualquer, que pode ser num tronco ou num vaso de cerâmica emborcado para baixo e com fendas que permitam a passagem dos adultos.

É um peixe magnífico de se observar, quanto aos hábitos reprodutivos, desde a fase de cópula, até as etapas de escolha e defesa de território e ninhada.

Outro dos sul americanos que eu selecionei, é o Curviceps, pode ser que você ja tenha ouvido falar dele com outros nomes, porque antigamente ele era classificado como aequidens curviceps, e hoje como Laetacara curviceps. Encontrado na bacia amazônica, no Brasil, em rios rasos que trançam pelas matas, seu ambiente é formado por uma infinidade de folhas e troncos; o que ajuda também para que fiquem mais à vontade, pois é dito que não costumam ser animais que sobrem para pegar alimento, ficam ali esperando algo chegar mais perto. O pH ligeiramente ácido (embora tenha registrado uma variação interessante, entre 5.2 e 7.5), água mole e temperatura tropical, no caso aqui, 22 e 26ºC.

Sem distinção aparente entre os sexos, olhos mais cuidadosos podem reparar a diferença de tamanho, entre machos, que são maiores e as suas fêmeas. Desovam, em superfícies, centenas de ovos aderentes e como um bom ciclídeos fazem a defesa da região e da prole de maneira bem contundente. O local escolhido pode ser uma rocha, um tronco e até mesmo uma folha grossa de planta, sendo limpo antes do ato da cópula.

E para incrementar ainda mais nosso time de sul-americanos, lembro da bela e diminuta Nannacara, cujo nome científico é Nannacara anomala, que fica em torno dos 7 cm nos machos, que são maiores. é encontrada em baixios costeiros, dos rios Aruka (Guiana) e Marowijne (Suriname). Ambos em região tropical, temperatura entre 22º e 25ºC, o pH varia entre 6.0 e 8.0, a dureza tem boa variação (dH: 5 a 19), embora prefiram água mole. O peixe é carnívoro, sendo seu prato principal constituído de vermes, crustáceos e insetos.

Considerada uma espécie de reprodução fácil, bastando deixar as condições da água favoráveis e colocar num aquário de 80cm de comprimento, aproximadamente, um macho para cada 2 ou 3 fêmeas – para identificação, saiba que os machos, além de mais coloridos, costumam ser maiores e suas nadadeiras, dorsal e anal, prolongam-se bastante; na época reprodutiva as fêmeas escurecem, num padrão xadrez. Em grupos com mais de um macho, os “dominados” podem se comportar como fêmeas, em termos de tamanho e também coloração.

Enquanto você tá aí, tentando imaginar como é que são esses peixes no seu aquário, se ficariam legais ou não, pode ser que você se pergunte também como acomodá-los adequadamente. É um ótimo questionamento a fazer. Porém, acreditar que peixe pequeno fica bem em aquário pequeno não deve ser um princípio fixo. Para muitos casos nessa categoria podemos verificar que um aquário pequeno é possível, pois muitos deles tem comportamento moderado e contenta-se com territórios pequenos, para outros porém, é um redondo NÃO, em nenhum ramo deste Hobby escapamos de aprender sobre as espécies, que queremos colocar nos nossos aquários. Pois peixe não é tudo igual. Parece bobagem mas não é. O humor e a saúde dos peixes dependerão muito desse nosso entendimento.

De uma forma geral, ciclídeos anões tentem a ser menos agressivos, se comparados aos primos que possuem corpo e força suficientes para causar danos aos outros, e que agressividade normalmente, volta-se com mais vulto para seus congêneres. Muitos deles são excelentes membros para aquários comunitários ou mesmo plantados, têm cores lindas, comportamentos atraentes, ou seja, personalidade. São peixes que agradam hobbistas, mundo afora e não tenho dúvida que agradará muitos que ainda não os conhecem.

Mas mesmo sendo lindos demais, há momentos em que podem mudar de humor. Sabemos por exemplo que os ciclídeos de forma ampla e geral são pais eficientes no cuidado com a prole, quando um casal se forma no aquário, podemos ter peixes mortos ou bastante machucados no aquário, uma vez que a agressividade dos reprodutores é consideravelmente aumentada. Outros, entretanto, são agressivos o tempo todo; o ciclídeo africano Pseudotropheus demasoni POMBO – peixe maravilhoso do lago Malawi – possui uma das agressividades mais exacerbadas, especialmente considerando seu tamanho máximo: cerca de 10cm. Para peixes assim jamais seria recomendado aquário menor de 200 litros, entendeu? 200 litros não é pouca coisa.

Na questão de espaço, observar detalhes do comportamento natural também auxilia na diminuição da agressividade, neste caso o macho dominante mantém haréns, e atender a isso beneficia as fêmeas já que ele agredirá varias e não somente uma o tempo todo.

Por fim como dica de redução de agressividade o aquário precisa ter inúmeros locais de esconderijo. Essa característica não engloba todos os peixes similares do mesmo lago, mas se trata de uma observação comportamental sobre uma espécie. Tanto que no mesmo lago, seu primo próximo, o pseudotropheus saulosi, embora o macho tenha o mesmo padrão de cor e tamanho que o demasoni, a sua agressividade é desproporcionalmente menor ainda assim é bom ter espaço para resguardar as fêmeas. Detalhes como esses são essenciais para a prática do aquarismo responsável, subsidiando nossas escolhas em optar por uma espécie e não por outra, o número de indivíduos no aquário e também os companheiros de tanque.

Se você não possui muito espaço em casa, conheça espécies que podem se dar bem em espaços menores. E por falar em aquários pequenos, é importantíssimo frisar que por serem de menor volume, são mais suscetíveis as mudanças físico-químicas. Por exemplo, deixar um aquecedor ligado sem o termostato que você possa confiar, pode significar uma verdadeira tragédia. O mesmo vale para os parâmetros de pH, KH, GH, amônia e por aí vai. Além do acompanhamento precisar ser mais rotineiro, fica ainda mais perigoso arriscar com produtos de qualidade duvidosa. Esse é aquele momento em que não vale a pena economizar. Pois a ideia aqui é dar aos peixes que mantemos, o melhor, para que permaneçam saudáveis por mais tempo. A Sarlo, que também distribui os produtos da Seachem, dispõem de produtos químicos e equipamentos de alta qualidade desde sais para ciclideos, corretores de PH, bufffers, os quais atuam na água, modelando os parâmetros para níveis mais adequados, até bombas, filtros e aquecedores. O mesmo valerá para o caso de você possuir um belo jardim nos fundos, pois nutrientes, iluminação são necessários para manter as plantas vigorosas.

Por fim é correto afirmar que ciclideos anões são ótimas opções, tanto para aquários comunitários como para mona-específicos. Bastando apenas que o aquarista observe os quesitos comportamentais e os parâmetros físico-químicos da água para mantê-los saudáveis ou para realizar misturas bem sucedidas de espécies. Agora, embora esperemos que essas palavras tenham trazido alguma informação útil ou menos um gostinho de quero mais, não se dê por vencido. Há muito mais a ser dito, faltam ainda muitas espécies magníficas e interessantíssimas para se conhecer, pesquise e questione e faça acontecer.

Agradeço muito a sua atenção, sua audiência. Se possível, deixa o like aí, e por favor se tiver interessado, se achar legal, manda sugestões a gente tá aqui ouvindo vocês tá bom?

Um abração e até a próxima, galera!

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