Você imagina qual seja a resposta ou já possui uma opinião a respeito de qual é o melhor filtro para aquário? Estou certo de que existem dezenas de diferentes conclusões. Na minha opinião, acho que a melhor pergunta seria algo do tipo “quais as vantagens que um filtro precisa ter?”, ainda assim não há fórmula fixa, pois as variações podem influenciar na resposta. Mas bora lá, bora ver algo sobre os filtros mais comuns do mercado e tentar entender o que seriam “vantagens” quando falamos de um filtro.

Vantagens
“Primeiraça” vantagem: eficiência. O aparelho precisa fazer bem feito aquilo que esperamos dele. Claro que ele deve estar bem dimensionado em relação ao aquário.
Segunda vantagem: funções (filtragens) múltiplas. Ter um mecanismo que realize, por exemplo, apenas a filtragem mecânica não é tão atraente como um outro que faça também a química e a biológica.
Terceira vantagem: qualidade do produto. Não dá pra ser um filtro (marca) que você viaje preocupado se ele vai parar, explodir, superaquecer, autodesmontar e pôr tudo a perder.

Quarta vantagem: o resto. Aqui entra mais a parte discricionária, do tipo, “o aquário fica no meu quarto, então é legal que a bomba que roda o filtro seja silenciosa”. São detalhes que contam para vantagens de nível pessoal e não para o aquário em si. Quesitos como o tamanho, o consumo energético, estética etc. refletirão de acordo com os propósitos e limitações que o aquarista tenha. Uma vez que a eficiência e os tipos de filtragem estejam garantidos (e você confia no produto que está usando), as demais características citadas aqui serviriam mais para a escolha na hora de adquirir, em caso de dúvida.

Pra começar a falar de filtros, você lembra quais os filtros que existem e como eles se dividem? Se não, eu ajudo: basicamente dividem-se naqueles que ficam dentro (filtros internos) ou fora (filtros externos) do aquário. É assim que vamos explorá-los a partir de agora, todavia, dando detalhes de como são e para que servem.

Filtros Internos

Filtro de espuma: trata-se de um filtro que, na minha opinião, é muito limitado e de baixa efetividade, quando comparado a outros tipos existentes no quesito de eficiência. Normalmente ele é usado em aquários de filhotes, justamente para que os pequeninos seres não sejam sugados pelo fluxo de água. Consiste numa torre vertical com furos, ranhuras ou cortes (para passagem d’água), na qual é encaixada a espuma; no topo da torre é fixada uma bomba submersa. Note que espumas, com todos aqueles poros, são excelentes para colonização por bactérias nitrificantes (filtragem biológica). No entanto, por ela também reter a sujeira (filtragem mecânica). Para sua limpeza, é necessária uma lavagem vigorosa, o que elimina a colônia de bactérias do bem. Por este motivo é que falo da baixa eficiência. Para mim, é apenas um ótimo filtro mecânico.

Help Filter (Filtro de Socorro/Emergência): a espelho da descrição do filtro de espuma, em aspecto, estrutura e porte, este tipo de filtro é usado para fins práticos muito específicos. Parece uma bobina cilíndrica, feita de polipropileno atóxico, cuja estrutura é formada de microporos, os quais – de tão finos – são capazes de reter algas ou sedimentos finos que estejam em suspensão. Serve para quando um desbalanço desses ocorrer e o aquarista precisar de meios rápidos para tornar a água cristalina novamente. Também precisa de uma bomba submersa. Este é necessariamente um filtro mecânico.

Filtro Interno: ele é a junção da bomba submersa numa caixa que carrega consigo as mídias filtrantes. Alguns possuem espaço apenas para o perlon, visando a filtragem mecânica, enquanto outros já são bem pensados e têm espaço para outros tipos de mídia (como carvão ativado) e, consequentemente, outros tipos de filtragem. O filtro interno é prático por ter ventosas para sua fixação no vidro, o que muitas vezes é útil para esconder o filtro ou alocá-lo numa região de baixa movimentação de água, tornando-o um otimizador da filtragem como um todo.

Filtro Biológico Modular (FBM): É tal como uma evolução do filtro interno acima, pois é feito na forma de diversas caixas de mídias empilhadas. Normalmente de formato de ¼ de círculo, para se adequar ao canto do aquário, é composto desses compartimentos sobrepostos e encaixáveis, onde você adequa as diferentes mídias: no(s) módulo(s) superior(es), as mídias para filtragem mecânica (perlon, cascalho etc.) e, no(s) inferior(es), as demais mídias desejadas, sejam resinas ou carvão ativado para remoção de algum composto indesejável, sejam os anéis de cerâmica (que é o que prefiro) para a biologia do aqua. No cimo do filtro, vai a bomba submersa, adquirida em separado, para rodar o fluxo de água.

Filtros externos

Filtro de Areia Fluidizada: nome estranho, mas que nada mais é que “areia molhada”. Brincadeiras à parte (mas você verá que tenho razão), trata-se de um cilindro preenchido com areia de tamanho uniforme. Água (limpa) do aquário é puxada para dentro do filtro – portanto deve haver um anteparo que impeça sujeira de vir junto, o que chamamos de pré-filtro – fazendo a areia de dentro “fluidizar”, ou seja, ela fica solta, parecendo dançar ou flutuar no interior do filtro com o efeito da água circulante. Seguindo os mesmos princípios de outras mídias que buscam maximizar a área de superfície para realizar a filtragem biológica, foi idealizado este, onde as bactérias nitrificantes fixam-se sobre os milhares de grãos.

Canister: um dos mais completos e procurados. Sua bomba puxa a água do aquário – como este filtro costuma ficar a certa distância abaixo, a água que chega a ele vem sem esforço, contando com a gravidade – e faz com que passe pelas mídias filtrantes (pode ter todos os tipos: perlon, espuma, anéis de cerâmica etc.). Por ter um espaço considerável no “balde” ou “copo”, geralmente é capaz de receber bons volumes das mídias desejadas; os vários modelos permitem ao aquarista compatibilizar com o volume do aquário, deixando-o (muitas vezes) levar o aquário sozinho.

Hang On: sem dúvida o mais prático dos filtros, é a cara do aquarista moderno sem muito tempo para dedicar às manutenções. A facilidade de tirá-lo da tomada, removê-lo do aquário e proceder a manutenção adequada acaba elegendo-o para boa parte dos aquários. Este filtro externo é aquele que fica pendurado na traseira do aqua, o que é outra de suas vantagens, sendo que tudo que aparece é o cano coletor (quando o tanque tem o vidro traseiro pintado ou com algum painel); hoje alguns modelos coletam também água da superfície, o que auxilia bastante na retirada daquela película oleosa que observamos por vezes. Não sou fã dele para a filtragem biológica, mas ainda assim ele pode receber mídias para tal.

Sump: quando bem montado (e este é o quesito que mais importa) é um valioso aliado do aquarista, pois seu volume pode vir a ser considerado “um extra” para o volume global do aquário. Este filtro se baseia numa caixa, normalmente feita de vidro, acondicionada no móvel do aquário (na maioria das vezes). A água cai, passando por compartimentos sequenciais que contêm as mídias – um espaço enorme para utilização de todo tipo de mídia – e é devolvida para o aquário por meio de uma bomba forte. Suas desvantagens são o tamanho ocupado e os projetos ruins, os quais podem até mesmo fazer os aquaristas desistirem. Não arrisque, ponha nas mãos de alguém que saiba fazer!

Filtro UV: este também é muito específico, com a tarefa de impedir que bactérias, microalgas, esporos e muitas formas de vida microscópica se proliferem. Não é um filtro propriamente dito, pois sua função é esterilizar a microbiota que tenha contato com a radiação da lâmpada UV. Não é aconselhado para ser mantido em funcionamento 24h por dia, tal qual se faz para os demais filtros, mas sim com eventos de “água verde” ou acometimento de doenças bacterianas, ou seja, eventos específicos. O Filtro UV é normalmente constituído por uma estrutura hermética e tubular, cujo cilindro longo é preenchido por uma lâmpada de raios UltraVioleta (por isso chamado de UV) que atua sobre a água que passa por ali. Recomenda-se que o fluxo de água que passa por esse filtro seja lento, para que os raios possam agir melhor.

O melhor filtro
Pronto, o mistério chegou ao fim. O melhor filtro de todos é aquele que atende perfeitamente a necessidade do aquarista! Calma, nem tudo está perdido, a conclusão é séria. Não se escolhe o filtro por ter ele o maior preço da loja, nem porque seu vizinho tem o filtro X da marca Y. Você escolhe conforme a configuração do seu hobby.

Se o aquarista procura algo para manter bem seus filhotes num aquário destinado à alevinagem, é bem provável que o mais simples dos simples seja o ideal: o filtro de espuma + bomba submersa.

“Mas meu caso não é esse Johnny! Comprei um aquário ontem e descobri só hoje que preciso colocar um filtro, como escolho?” Podemos ver uns exemplos para ver se você capta a ideia.

Regra-base: Você precisa tornar compatível o poder do filtro à realidade do aquário, considerando a capacidade de circulação, os tipos de filtragem (biológica, física e química) e a população, a qual deve estar dentro de um contingente calculadamente saudável.

A população, um quesito chave para o sucesso de qualquer empreendimento aquarístico, deve ser pensada para que não seja a responsável por sobrecarregar o sistema. Como base para que você fique norteado no quesito “população”, gosto de pedir para as pessoas pensarem em 1cm de peixe (tamanho adulto) por litro (real) de água. Obviamente refiro-me aqui a peixes com comportamentos sociais compatíveis entre si e com o volume do aquário (não pense que o “peixe cresce de acordo com o volume do aquário”). Aquaristas mais experientes sabem que a fórmula não é exata e que atenuantes podem ser usados para amentar a densidade populacional (espécies pacíficas, layout etc.).

Para aquários diminutos, não é fácil pensar em filtro, já que nada cabe neles: por exemplo, um aquário de 4,5 litros (20x15x15cm) é excelente para um único beta macho e um de 12 litros (30x20x20cm) é perfeito para um trio de Aphyosemion australe (killifish). Para aquários nesses volumes é melhor você realizar sifonagem do fundo, acompanhado de costumeiras trocas parciais. Lembro apenas que volumes menores são mais suscetíveis a catástrofes repentinas, justamente por não terem volume para minimizar impactos, como queda de temperatura ou concentração de alguma toxina (ex: amônia).
Já um aquário de 36 litros (40x30x30cm) – considerando um volume real de uns 30 litros e que contenha dois pequenos cardumes de tetras (tipo neon e black phantom com 4 indivíduos cada) – um bom filtro externo do tipo Hang On, que tenha um poder de circulação de cerca de 4 ou 5 vezes o volume do aquário (30 litros) por hora, seria suficiente. Para um maiorzinho, tipo 60 litros (50x40x30cm) – 52 litros reais, 4 barbos cereja, 2 colisas e 1 labeo bicolor – eu preferiria colocar um FBM, com 3 módulos, contendo perlon em cima e duas “gavetas” de anéis de cerâmica abaixo, movido por uma bomba com a mesma proporção do descrito antes.

E como exemplo final, pensando num aquário de 250 litros (100x50x50cm) – 235 litros reais, com 5 acarás-bandeira, 16 neons, 6 corydoras, 10 lápis, 10 borboletas – se eu fosse sugerir, falaria de uma combinação de filtros, não um só. Um canister, aliado a um Hang On, poderiam promover ótima circulação de água, visto que haveria dois pontos de moção da água, otimizando a atuação dos filtros. Para mim, é sempre mais confortável poder contar com mais de um ponto de filtragem, o que garantiria uma sobrevida do sistema no caso da falha de um deles.

 

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