Nota de 100 reais com a imagem de uma garoupa (Epinephelus marginatus)

Acredito que todos vocês já repararam que em cada uma das cédulas de reais há estampado um animal diferente, representando a biodiversidade de nosso país, certo? Isso foi feito com o intuito de estimular o interesse dos brasileiros pelo meio ambiente e pela proteção à nossa fauna, sendo que alguns animais foram escolhidos pelo próprio Banco Central, enquanto outros pela própria sociedade por meio de consultas públicas.

No caso da mais queridinha de todas, aquela nota azulzinha, a nota de 100 reais, o Banco Central optou por um peixe presente em nosso litoral, que é muito apreciado gastronomicamente, mas que corre o risco de extinção. A espécie escolhida foi a Epinephelus marginatus, mais conhecida como garoupa-verdadeira.

Sobre a garoupa

A verdade é que a garoupa é um peixe fascinante, com curiosidades incríveis. Pertencente à família dos serranídeos, esta espécie pode medir 1 metro e meio de comprimento e pesar 60 kg, não muito diferente de um ser humano. A junção desse tamanho todo e de seus lábios e mandíbulas bastante proeminentes acabam criando um peixe com uma aparência um tanto imponente.

Sua coloração pode variar ao longo de sua vida, desde tons esverdeados até amarronzados e com manchas, e sua nadadeira caudal é convexa. Em relação a seus hábitos, são peixes solitários, territorialistas e sedentários, que costumam viver em recifes e fundos rochosos, onde podem se esconder entre fendas e cavidades. São predadoras vorazes, se alimentando principalmente de crustáceos, moluscos e outros peixes, sendo sua camuflagem um fator importante para conseguir atacar suas presas.

São peixes que podem viver bastante, alcançando a casa dos 50 anos dependendo das condições em que vivem. Mas, acredito eu, que as características mais interessantes desses animais têm a ver com sua reprodução. Ao final da primavera, pode ocorrer uma agregação de machos e fêmeas em um certo lugar para se reproduzirem (o que os tornam presas mais fáceis para pescadores).

O mais interessante disso é que as garoupas são hermafroditas protogínicas, isto é, todas nascem fêmeas, mas podem virar machos ao longo de suas vidas. Não são todas que mudarão de sexo, tudo depende da estrutura e da pressão populacional da espécie no local, mas uma vez que a troca é feita esta é irreversível.

Assim como os demais peixes, não possuem pálpebras, então não fecham os olhos para dormir. Aliás, eles não chegam a entrar em um sono profundo como nós, apenas possuem momentos de descanso, de atividade reduzida. Durante esse descanso, reduzem seu metabolismo e passam a nadar lentamente ou até ficam imóveis em um local seguro, mas a qualquer momento podem responder a estímulos externos. Há peixes que podem ser mais ativos durante o dia e outros durante a noite, sendo a segunda opção o caso das garoupas.

Sobre a nota de 100 reais

Pescadores segurando garoupa gigante.A escolha da garoupa-verdadeira para estampar as notas de 100 não foi à toa. Este animal enfrenta ameaças significativas, principalmente devido à pesca excessiva e à destruição de seu habitat natural, correndo risco de extinção. Portanto, medidas protetivas como regulamentações pesqueiras e áreas marinhas protegidas tornam-se de grande importância para a conservação da espécie, além de ajudar a manter o equilíbrio de todo o sistema coralíneo em que ela está inserida.

Portanto, a escolha deste animal para estampar uma de nossas notas mais valiosas destaca a importância da proteção da espécie para evitar sua extinção, por mais que ela seja super apreciada na gastronomia.

É possível criar garoupas em aquários?

Talvez você esteja se perguntando se é possível criar um desses animais em sua casa dentro de um aquário. Bom, é uma pergunta válida, e a resposta é que é um pouco complicado. Criar uma garoupa é desafiador por elas exigirem condições bem específicas para sobreviverem, como em relação a espaço e alimentação.

Por exemplo, não adianta você ficar dando aquelas raçõezinhas para peixes para um peixe como uma garoupa. Como mencionei antes, elas têm o costume de se alimentar de crustáceos, moluscos e peixes, então você precisaria garantir a sua garoupa uma oferta adequada de alimentos vivos ou congelados, o que é um pouco mais difícil do que oferecer ração.

Além disso, tem a questão do tamanho que esses animais podem atingir. Como têm potencial de alcançar 1 metro e meio de comprimento e são super robustos, o ideal é ter um aquário com espaço suficiente e equipamentos adequados para fornecer o ambiente correto.

Tudo bem que em cativeiro elas podem crescer menos, mas pelo menos 30 cm devem alcançar, então realmente é necessário um aquário grande. Além de grande, seria de água salgada, que já é mais complicado de cuidar e mais caro normalmente, imagina sendo maior? Seriam muitas cédulas com garoupas estampadas gastas. É necessário também oferecer esconderijos para que elas possam se comportar de forma semelhante à natural.

Ainda tem que haver uma preocupação com relação a outras espécies que possam vir a dividir o aquário com sua garoupa. Dependendo do animal, corre o risco de virar alimento de garoupa. Além disso, elas podem ser agressivas com suas semelhantes (se houver mais de uma), caso não haja espaço suficiente para elas (afinal, são territorialistas).

Pensando no tamanho do aquário, é preciso ter uma bomba potente que produza uma movimentação intensa, como a Motobomba SB1000C da Sarlo Better, com vazão de até 1000L/h, mas podendo ser necessária uma com vazão ainda maior.

Por fim, outra coisa bem importante para você ficar ligado: verifique as regulamentações locais antes de cogitar criar uma garoupa, porque existem leis de conservação devido à vulnerabilidade desses animais. E você não quer fazer nada fora da lei, correto?

Então por hoje é isso, pessoal. Para aqueles que não conseguirem criar garoupas em casa, espero que pelo menos consigam várias cédulas estampadas com elas! Para mais conteúdos de aquarismo como esse, não deixe de acompanhar o Blog Sarlo e o Sarlocast!

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